A presença, o profetismo e a orientação do pontificado do Papa Francisco, empenho de grupos eclesiais e da sociedade civil para mudança da realidade, qualificação dos leigos para a atuação política e nos organismos de representação da sociedade na esfera pública, presença profética dos migrantes com sua diversidade cultural e valores e participação dos jovens em ações da caridade são os maiores sinais de esperança no atual momento da história da Arquidiocese de Porto Alegre. As indicações foram consensuadas no encontro das coordenações e representantes das Áreas Pastorais e Vicariatos da Dimensão de Justiça Caridade e Paz da Arquidiocese de Porto Alegre, em preparação à Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe.
O encontro virtual foi realizado no dia 18 de junho. Como expressão dos temas mais presentes nas ações caritativas da arquidiocese está a mudança de compreensão da dimensão da caridade na vida da Igreja: atendimento emergencial, inclusão produtiva e defesa e garantia de direitos, com incidência política. Esta compressão constitui um esforço para a superação das práticas caritativas que provocam dependência e se tornam legitimadoras da exclusão social.
Outra situação presente, apontada pelas lideranças da dimensão da caridade é o aumento da violência, da presença das milícias e as ramificações do narcotráfico. O Coordenador da Dimensão da Caridade, Elton Bozzetto, salienta que essas realidades representam um risco para o direito à vida, à integridade, o equilíbrio social e o desenvolvimento humano. “Outro tema desafiador é a ocorrência da pandemia da COVID-19, como sinal de uma mudança de época. Esse fenômeno de incidência global está representando um desafio de geração de novas formas de atenção, defesa e cuidado da vida das pessoas”.
O grupo indicou ainda diversos aspectos que desafiam a dimensão da caridade e que exigem novas atitudes e iniciativas mais audazes dos agentes da ação social. O primeiro deles é a renovação eclesial para assumir a caridade como dimensão da fé com incidência desde a Iniciação à Vida Cristã. Para isso, será necessário assumir o compromisso de inserir as temáticas da solidariedade e da misericórdia na educação da fé. Outro desafio é o apelo a uma ecologia integral e as estratégias de sustentabilidade ambiental, assumindo o compromisso com um novo conceito de desenvolvimento, produção e consumo, que contemple um estilo de vida sóbrio, inclusivo e sustentável.
Houve ainda a indicação para a urgente incorporação dos conceitos de interculturalidade e inculturação na ação pastoral, ampliando da “Igreja nas casas”, valorizar iniciativas de vivência das Comunidades Eclesiais Missionárias. Por fim, o grupo apontou o desafio de fortalecer a compreensão do discípulo missionário como serviço ao Deus da vida, testemunhando a fé cristã a partir de uma nova linguagem, com ampliação dos processos de comunicação no mundo digital. As contribuições serão encaminhadas para a coordenação da Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, com intuito de contribuir nos debates e proposições do evento continental, que será realizado no Santuário de Guadalupe, no México, de 22 a 27 de novembro de 2021.