Cinquenta mil migrantes, incluindo crianças, desapareceram entre julho de 2020 e dezembro de 2021, enquanto transitavam de seu país de origem ao seu destino. Os dados foram citados pela Diretora do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios, Ir. Maria do Carmo Gonçalves. “Essas mortes representam a complexidade do fenômeno migratório e um apelo aos governantes e a humanidade, para a situação de risco para as pessoas que buscam a sobrevivência em outros países”.
A manifestação ocorreu na abertura do X Seminário Estadual de migrações realizado no último final de semana pelo Fórum Permanente de Mobilidade Humana do RS. O evento realizado de forma híbrida reuniu autoridades migratórias, representantes de entidades da sociedade civil, dirigentes de órgãos públicos e organizações internacionais para debater os desafios atuais da realidade migratória. O evento também comemorou os 10 Anos de criação do Fórum Permanente de Mobilidade Humana que se tornou uma referência na articulação das entidades da sociedade civil para a proposição e defesa de políticas públicas para a garantia de acolhimento, cuidado, proteção e integração dos migrantes na sociedade gaúcha.
O responsável pelo cuidado pastoral dos migrantes brasileiros no exterior, Dom Adilson Pedro Busin, afirmou que mais de três milhões de brasileiros migraram para outros países nos últimos anos. Ele destacou que os mesmos problemas que os migrantes enfrentam no Brasil como dificuldade para acesso a documentação e inserção no mercado de trabalho são enfrentados pelos brasileiros que buscam a sobrevivência em outros países. “Precisamos qualificar religiosos e outros agentes para trabalhar com esses migrantes no exterior”.
O representante do Mensageiro da Caridade na coordenação do Fórum de Mobilidade Humana, Elton Bozzetto, defendeu medidas objetivas para assegurar o direito dos migrantes. “É fundamental romper a fragmentação das ações das entidades da sociedade civil e fortalecer os processos de cooperação para o atendimento e inserção dos migrantes em nossas comunidades”.
Bozzetto também defendeu a formação de redes locais e políticas municipais para assegurar o acolhimento, assistência e garantia de direitos aos migrantes; articulação das políticas de trabalho e emprego com a política migratória; assegurar a re-união familiar como garantia, forma e estratégia de viabilizar os direitos humanos; e garantia de construção de espaços de referência, identidade, desenvolvimento de suas potencialidades e retroalimentação de sua cultura, para que mantenham seus laços afetivos e culturais originários. O Fórum publicará em dezembro a carta com as principais conclusões e propostas resultantes dos debates realizados.