O Mensageiro da Caridade sediou no dia 22 de fevereiro o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2023 na Arquidiocese de Porto Alegre, que tem como tema “Fraternidade e Fome”. O evento contou com a presença de lideranças eclesiais, diretores de órgãos públicos e dirigentes de entidades da sociedade civil. O Arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, lembrou que é a quarta vez que o tema da fome volta a ser abordado pela Campanha da Fraternidade. “Isso é um escândalo, porque nosso país tem um extraordinário desenvolvimento na agricultura, mas não consegue saciar a fome de sua gente. Precisamos avançar muito para construir uma sociedade mais justa e fraterna”, afirmou.
Segundo o diretor executivo do Mensageiro da Caridade, Luís Carlos Campos, a Igreja faz um trabalho extraordinário para a superação da fome que atinge 145 mil pessoas somente na Região Metropolitana. Em 2022, foram arrecadados e distribuídos na Arquidiocese 860 toneladas de alimentos. “Desse total 178 toneladas foram repassadas pelo Mensageiro da Caridade, com mais de 7,1 mil famílias atendidas”.
A Campanha da Fraternidade destaca que a fome constitui um desafio para ações pessoais, iniciativas comunitárias e políticas públicas, que atendam o acesso ao alimento, a educação alimentar e a produção de alimentos sadios.
Neste sentido, a nutricionista Carolina Resende, que trabalha na Unidade de Segurança Alimentar da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, reforçou a necessidade da Educação Alimentar para toda a população. “Um exemplo é a questão de ensinarmos às pessoas a ler os rótulos dos alimentos”.
A palavra da nutricionista foi endossada pelo Secretário de Desenvolvimento Social de Porto Alegre, Leo Voigt. “Educação alimentar é um tema urgente de ser abordado junto à população. A fome também causa problemas na população que tem uma alimentação inadequada resultando obesidade em uma parcela importante da população”, salientou.
A representante da Emater-RS, nutricionista Leila Ghizonni, apresentou a reflexão sobre a educação alimentar e a produção de alimentos no Brasil. Ela defendeu o consumo de alimentos produzidos pela agricultura familiar. “O conhecimento sobre o plantio, o aproveitamento do alimento, alternativas como troca de sementes e mudas, pode transformar o modo como produzimos o alimento, tornando as pessoas mais soberanas sobre o que consumir, sem depender dos grandes produtores”, refletiu a nutricionista.
O presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (CONSEA/RS), Juliano Ferreira Sá, lembrou que a insegurança alimentar possui diferentes níveis. “Os dados atuais mostram que apenas 41% da população brasileira se alimenta de forma plenamente adequada. Em graus diferentes, são 65 milhões de brasileiros convivendo com a fome”.
O Arcebispo Dom Jaime fez um apelo para uma grande mobilização da sociedade para superar o flagelo da fome. “Esse é um tema que compromete a todos e convoca para uma ação concreta desde o atendimento emergencial até a implementação de uma política pública, porque a fome atinge a dignidade humana”. Para recepção dos participantes do evento, houve apresentação da Orquestra PROJARI Guaíba.
