Para aprofundar o tema da Campanha de Fraternidade e debater sobre a aplicabilidade do tema, a Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre realizou nesta terça-feira(28 de março) o primeiro Encontro de Formação Social de 2017. A exposição do tema contou com palestra do teólogo Pe. Anésio Ferla e do Professor de Botânica da UFRGS, Dr. Paulo Brack. A atividade contou com a presença dos bispos auxiliares de Porto Alegre, Dom Adilson Busin e Dom Aparecido Donizeti de Souza.
O teólogo apresentou um histórico das campanhas da fraternidade salientando a origem da atividade em Nizia Floresta(RN), em 1963. Segundo ele, esta ação da Igreja Católica no Brasil tem três objetivos: espiritual, formativo e social, porque ajuda a fortalecer a dimensão de fé, orienta para a prática da caridade e estimula atitudes concretas na área social. Ferla afirmou que o Brasil precisa construir um novo paradigma econômico ecológico que coloque em primeiro lugar às necessidades de todas as pessoas aos invés do interesse financeiro.
Para o biólogo, os biomas brasileiros são a grande riqueza do país, pois detém uma diversidade inigualável. Porém, o modelo adotado pelo agronegócio está provocando a extinção de espécies da fauna e da flora pela função econômica da produção agrícola, uma vez que apenas seis empresas controlam a venda de sementes e agrotóxicos no país. Para ele, é necessário uma reversão dessa lógica priorizando a produção de alimentos orgânicos sem a dependência da monocultura. Ele destacou treze compromissos da sociedade para retomar a preservação da biodiversidade e a riqueza ambiental que existe nos biomas brasileiros.
Segundo Brack, muitas plantas nativas do Brasil são cultivadas como exóticas em outros países, enquanto aqui são destruídas para a plantação da monocultura da soja. Um dos exemplos é a Goiaba Serrana que foi quase dizimada na Região da Serra e mudas foram levadas para a Austrália. Os frutos são importados do país da Oceania com o nome de Pinacle Guava e vendidas em Porto Alegre por R$ 69,90 ao quilo. Conforme o estudioso, o Rio Grande do Sul possui 201 espécies de frutas nativas e mais de 400 espécies de plantas medicinais que precisam ser preservadas, pois constituem um patrimônio ambiental e de saúde de valor inestimável.